A Balenciaga lançou uma pulseira feita de fita crepe por nada menos que 3 mil dólares. Sim, você leu certo. Uma fita crepe — dessas que você encontra em qualquer papelaria por poucos reais — agora é artigo de luxo, vendido como se fosse uma joia. E pasme: há quem compre.
Esse caso escancara um problema muito mais profundo do que uma estratégia de marketing ousada ou uma provocação artística. Revela uma sociedade doente por status, por fama e reconhecimento, viciada em dopamina barata gerada por curtidas, seguidores e uma falsa sensação de pertencimento.
Vivemos uma era em que o valor de algo não está mais na utilidade, na estética ou na qualidade — mas no quanto ele pode impressionar. E impressionar quem? Muitas vezes, pessoas que nem conhecemos, e que, lá no fundo, não se importam com a gente.
A verdade é dura, mas precisa ser dita: isso não é moda. É uma forma de alienação. Usar uma fita crepe no braço por milhares de dólares não é estilo. É imbecilidade. É falta de discernimento, de bom senso — e, muitas vezes, de autoestima.
As marcas de luxo perceberam isso e passaram a vender o ridículo como tendência. Sacos de lixo como bolsa, tênis destruídos por preços exorbitantes, camisetas propositalmente mal costuradas. A nova regra parece ser: quanto mais absurdo, melhor. E os influencers ostentação são os primeiros a exibir esses produtos, como se isso os tornasse parte de uma elite.
Mas que elite é essa? Que moda é essa que despreza o bom gosto, que ridiculariza o dinheiro de quem compra, e que alimenta um ciclo de futilidade e vaidade sem propósito?
No fim das contas, pagar milhares de dólares por uma fita crepe no pulso não é sobre moda — é sobre um vazio interno sendo mal preenchido. É sobre pertencer a uma tribo que precisa chamar atenção a qualquer custo, ainda que o custo seja a saúde mental, a dignidade e o bom senso.
Enquanto isso, as marcas seguem lucrando com o ridículo. Porque, como diz o ditado: “dinheiro não aceita desaforo”. Mas aparentemente, status aceita — e a qualquer preço.